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A RTP 2 transmitiu um excelente documentário em cinco episódios sobre e com os Monty Python. Sabia das dissidências no grupo entre os Terrys, Gilliam e Jones, e John Cleese. Não é invulgar quando um grupo de pessoas com talento se junta com um objectivo comum. À excepção dos Rolling Stones e dos Xutos e Pontapés, os grupos acabam separados e, por vezes, com ódio uns dos outros. O que me perturbou foi a falta de amizade entre eles. O caso exemplar é Graham Chapman. Só durante as filmagens do Santo Graal, os restantes Python perceberam que Graham tinha problemas graves de alcoolismo. Antes disso, também ficaram surpreendidos quando, anos depois de trabalharem juntos, Graham assumiu a homossexualidade. Por fim, quando morreu a seguir às filmagens de O Sentido da Vida, ninguém sabia o doente que estava. Terry Jones disse no final: «Quando estávamos juntos, parecia que faltava alguém». Ou faltava alguma coisa de cada um.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 7-9-12
Como qualquer pessoa, achei admirável a força de Oscar Pistorius em participar nos Jogos Olímpicos com atletas sem deficiência física. Até comecei a segui-lo no Twitter, por curiosidade. Poucos dias depois estava farta. O homem passava o tempo a agradecer e a retwittar os apoios (e foram muitos) de personalidades e gente famosa. Era um chato de primeira. No entanto, depois de Bolt, e apesar dos resultados, foi o atleta mais mimado dos JO. Nos Paralímpicos, o sul-africano perdeu a final dos 200m, que foi ganha pelo brasileiro Alan Oliveira. Contam que Pistorius teve mau perder e que acusou o vencedor de usar umas próteses mais longas. Mais tarde pediu desculpa, mas insistiu que a questão das próteses ainda está por resolver. Compreendo a sua fúria. Como qualquer atleta de alta competição, não suporta perder. O Pistorius das Olimpíadas era um ursinho fofo e vaidoso. O Pistorius dos Paralímpicos é um lutador.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 7-9-12
* Um texto que dedico, com amizade, ao maradona.
... sabendo o que sabemos hoje, não percebo muito bem por que razão Passos Coelho decidiu fazer aquele anúncio na sexta-feira. Queria ser ele a dar as más notícias, está bem, mas não o podia ter feito na segunda? Tinha de ser aquela coisa que parecia feita em cima do joelho, acobardada, desalmada? Porquê esta insistência em alienar, assustar e irritar as pessoas? Todas as pessoas com quem falo, votantes e não votantes de Passos Coelho, tinham até ali uma opinião mais ou menos favorável do PM. Apesar da dureza das medidas, estavam psicologicamente disponíveis a aceitar o que tinha de ser feito para tirar o país do buraco. Estavam, portanto, dispostos a aceitar o sacrifício, esquecendo que onde há sacrificados, há sempre alguém a ganhar com isso (cf., Ayn Rand, com toda a razão do mundo). Pessoalmente, vejo a quebra de laços demasiado importantes com quem não faz parte da nossa vida como positiva. Vamos sair desta embrulhada também por causa da incompetência dos que governam. É original, mas é só um processo de recuperação da dignidade.