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Imprescindível

por Carla Hilário Quevedo, em 09.10.12

Para mim foi uma novidade, mas não me admirava se fosse a última a saber. Existe no mercado um produto tão inútil quanto desejável. Chama-se Smell of Books. Como o nome indica é um spray que enche o e-reader de um perfume que nos faz esquecer que estamos a ler um livro electrónico. O spray promete dar a sensação de estarmos a ler um livro em papel, apesar do ecrã e da ausência de folhas. Um dos aromas é o 'New Book Smell'. Parece que ficamos com a impressão de estar na nossa livraria preferida e que as pessoas perto de nós percebem pelo cheiro que estamos a ler um livro novo. O meu favorito, embora não tenha experimentado nenhum, é o 'Eau, You Have Cats'. É um concentrado de 20 mil livros usados, recomendado a quem tenha animais e coleccione livros. Não custam mais de dez dólares (de oito euros). Peço a quem leia estas linhas que experimente os produtos desta empresa imaginativa, smellofbooks.com, e que depois me conte como foi.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 4-10-12

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publicado às 18:53

Bomba de Ouro

por Carla Hilário Quevedo, em 09.10.12

Nobel da Literatura Português, do FNV.

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publicado às 18:46

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 07.10.12

 Anna Karina

 

... há inúmeras passagens grandiosas em Platão. E 'grandioso' é o termo adequado ao que estou a ler. É raro, no entanto, haver um diálogo que comece logo no topo e continue daí para cima. É como se até Platão precisasse de preliminares. Mas no início do Teeteto, há logo uma descrição exuberante do interlocutor de Sócrates. Diz Teodoro que Teeteto é um jovem de valor e para o elogiar recorre a uma qualidade invulgar, mas que interessa naturalmente a Sócrates: Teeteto é rápido, gentil e corajoso a aprender. 'Ele (...) avança suavemente para a aprendizagem, sem vacilar, com eficácia e a maior gentileza, como um fio de azeite que corre sem ruído; sendo de admirar como, com esta idade, alguém age desta maneira.' (144b) Isto é tão bonito. Demorei a passar deste início.    

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publicado às 08:07

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 06.10.12

 Anna Karina

 

... lembro-me há uns anos de pensar e dizer a uma pessoa que só era possível imitar o que era mau, pois o que é bom não é imitável. É fácil imitar os maus sentimentos, por exemplo, que são como materiais inflamáveis. Sabia que era assim, mas até há pouco não tinha uma explicação sobre o tema. No livro X, da República, Sócrates diz que a alma se divide em duas partes, uma racional e outra, terrível, irascível ou irritável. É com esta segunda parte que temos de ter cuidado, diz ele, porque a multidão compreende e gosta de ver o 'carácter arrebatado e variado' (605a), mas nunca perceberia a imitação do 'carácter sensato e calmo, sempre igual a si mesmo' (604d). Ou seja, há na parte pior da alma muito 'material' para imitar, ao passo que no lado melhor, só há sensatez e calma, cuja imitação causaria sobretudo 'sofrimento' a quem ouve ou vê. E sofrimento porque é difícil para a multidão compreender ou recordar o que é sensato e calmo se a maioria tem a alma doente e poluída de raiva. A minha ideia inicial não está inteiramente certa. Platão diz que é possível imitar a sensatez. Mas só se quem imitar (poeta) e quem assistir à imitação (espectador) for igualmente sensato. Ora, como sabemos, há muito menos sensatos do que irados, o que explica imensa coisa.

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publicado às 08:31

Blockbomba

por Carla Hilário Quevedo, em 05.10.12

Tape (muito bom). La Délicatesse (nada como uma mulher determinada e um homem doce, com humor, bem educado)

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publicado às 16:55

Até que enfim

por Carla Hilário Quevedo, em 02.10.12

Foi uma bela ideia levar o Governo Sombra, transmitido na TSF, às sextas-feiras, para a noite de sábado, na TVI 24. Os intervenientes são Ricardo Araújo Pereira, Pedro Mexia e João Miguel Tavares, conduzidos por Carlos Vaz Marques. No ambiente previsível de programas de debate descaradamente manipuladores, com agendas pessoais e partidárias, o Governo Sombra é uma alegria. Vou salientar a mais insólita das suas várias virtudes. É ali que encontramos o único homem de esquerda com graça em Portugal: Ricardo Araújo Pereira. E a esquerda está em minoria, o que faz deste grupo de comentadores uma raridade no panorama português. Só tenho dúvidas sobre o directo. O directo na rádio tem uma vivacidade que não se repete em televisão. Por outro lado, debater pela segunda vez os mesmos temas obriga a uma triagem, que tanto pode melhorar a primeira versão como enfraquecer a espontaneidade dos participantes na noite anterior. Bem-vindos e boa sorte.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 28-9-12

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publicado às 19:06

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