Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Um dia romântico VII

por Carla Hilário Quevedo, em 13.11.12

Philip Seymour Hoffman canta tão bem este tema em The Master.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:33

Assinar a sério

por Carla Hilário Quevedo, em 13.11.12

Referendo sobre a adopção do Acordo Ortográfico

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:23

Não é do céu

por Carla Hilário Quevedo, em 13.11.12

O novo James Bond é um muito bom filme realizado por Sam Mendes e protagonizado por Daniel Craig. É um filme de acção, em que o agente secreto mais famoso do planeta nos aparece como o herói britânico que passou por muito, que já viu tudo, que envelheceu. Foram tantas as Bond girls que já nem vale a pena. Nada o pode impressionar. A rapariga desaparece pouco depois de aparecer, mas a tempo de mostrar um vestido de noite deslumbrante, mais um robe belíssimo, mais um vestido simples cor de vinho bastante competente. Não precisava de viver muito mais. O guarda-roupa Tom Ford é, aliás, perfeito, tal como o vilão Silva de Javier Bardem, também ele decadente, ex-agente, bicha má, ressentido com o MI6. Na conversa entre Bond e Silva surge a alusão a uma possível experiência homossexual de Bond. 'Ossos do ofício', diz o agente profissional. É um Bond nostálgico de um passado que não volta, de uma juventude que desapareceu. Gostei imenso.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 9-11-12

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:21

A caridade como um modo de ser justo

por Carla Hilário Quevedo, em 11.11.12

"Maimonides lists his Eight Levels of Giving, as written in the Mishneh Torah, Hilkhot matanot aniyim ("Laws about Giving to Poor People"), Chapter 10:7-14:

  1. Giving an interest-free loan to a person in need; forming a partnership with a person in need; giving a grant to a person in need; finding a job for a person in need; so long as that loan, grant, partnership, or job results in the person no longer living by relying upon others.
  2. Giving tzedakah (charity) anonymously to an unknown recipient via a person (or public fund) which is trustworthy, wise, and can perform acts of tzedakah with your money in a most impeccable fashion.
  3. Giving tzedakah anonymously to a known recipient.
  4. Giving tzedakah publicly to an unknown recipient.
  5. Giving tzedakah before being asked.
  6. Giving adequately after being asked.
  7. Giving willingly, but inadequately.
  8. Giving "in sadness" (giving out of pity): It is thought that Maimonides was referring to giving because of the sad feelings one might have in seeing people in need (as opposed to giving because it is a religious obligation). Other translations say 'Giving unwillingly.'"

Daqui. É mais isto que me interessa neste tema tão sério e importante.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 14:38

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 10.11.12

 Tina Fey

 

... a semana foi passada à volta das palavras de Isabel Jonet; a saber, "bifes", "água a correr", "copo para lavar os dentes", "temos de empobrecer", "visitei a Grécia e não há miséria em Portugal". A reacção inflamada à sua conversa de chacha (nome técnico) é fácil de compreender: não se aguenta a conversa da culpa por termos vivido "acima das nossas possibilidades". Se no início, a culpabilização ainda deu os seus frutos, agora é motivo mais que suficiente para suscitar uma reacção imediata de ataque. A impaciência está à flor da pele, e é natural que assim seja. Tentem chagar continuamente uma pessoa pacífica. Ao fim de um tempo, descobrem um monstro que nunca pensaram existir. Não é boa política em nenhuma situação. Mas a melhor reacção que vi à chachada de Isabel Jonet foi a maravilhosa cara de enjoo de Manuela Ferreira Leite. Uma pessoa fica enjoada a ouvir, é só isso. Daqui um grande bem-haja para MFL. Mas se quisermos ir ao fundo negro da questão, veremos que há qualquer coisa de intolerável nos que, por causa da sua posição, se acham no direito de, enfim, aconselhar aqueles que deles dependem.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 11:55

Bomba de Ouro

por Carla Hilário Quevedo, em 08.11.12

Menina não entra, no Malomil mais lindo. 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 17:57

Bomba de Ouro

por Carla Hilário Quevedo, em 07.11.12

Um delicioso anacronismo, no Ericeira Norte.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:17

Um dia romântico VI

por Carla Hilário Quevedo, em 07.11.12

The Best Is Yet To Come é uma canção de Cy Coleman, a promessa de vitória de Barack Obama e o epitáfio de Frank Sinatra.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 11:58

Voto anulado

por Carla Hilário Quevedo, em 07.11.12

Ainda bem que não votei nestas eleições no melhor país do mundo. Corria o risco de ter o voto invalidado, porque depois de pôr a cruz à frente de Barack Obama, escreveria DIE! à frente do GOP. Não foi sequer Obama que mereceu a vitória: foram os Republicanos, que, ao atacar estúpida e deliberadamente uma parte significativa do eleitorado, mereceram perder. 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 11:53

@BarackObama 8:16 pm

por Carla Hilário Quevedo, em 07.11.12

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 07:00

Absolutamente a ler

por Carla Hilário Quevedo, em 06.11.12

O problema dos custos com os livros escolares, contado por António Araújo, e uma solução prática de Humberto Brito.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 17:29

Nós é que sabemos

por Carla Hilário Quevedo, em 06.11.12

Em Itália, um tribunal condenou seis cientistas e um responsável pela defesa civil por homicídio involuntário no caso do tremor de terra na cidade de Aquila em 2009, em que morreram 309 pessoas. A decisão, mal explicada pela comunicação social, suscitou a indignação de muito boa gente. Como é que se condena um grupo de pessoas por não fazer o que é impossível de prever? Como bem explica David Ropeik, na Scientific American, o problema foi a absoluta falta de partilha da informação por parte de cientistas e defesa civil. Os dados obtidos não levavam à conclusão de que se avizinhava um tremor de terra daquelas proporções, mas também não davam para excluir a possibilidade. O Dr. Bernardo De Bernadinis, responsável pela defesa civil e um dos condenados, até aconselhou os habitantes a «beber um copo de vinho». Assim vemos que o paternalismo e a arrogância não são exclusivos dos políticos nem dos financeiros. Os cientistas também podem ser afectados.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 2-11-12

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 17:19

Dos Modernos

por Carla Hilário Quevedo, em 05.11.12

L. S. Lowry, Going to Work, 1959

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 15:08

A little bit of Ode Triunfal

por Carla Hilário Quevedo, em 05.11.12

Eh-lá-hô revoluções aqui, ali, acolá, 

Alterações de constituições, guerras, tratados, invasões, 
Ruído, injustiças, violências, e talvez para breve o fim, 
A grande invasão dos bárbaros amarelos pela Europa, 
E outro Sol no novo Horizonte! 

Que importa tudo isto, mas que importa tudo isto 
Ao fúlgido e rubro ruído contemporâneo, 
Ao ruído cruel e delicioso da civilização de hoje? 

 

Álvaro de Campos

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 15:05

Ouvir ler

por Carla Hilário Quevedo, em 05.11.12
App Instaeffects sem filtro e com texto, sobre poema de Alberto Caeiro
 

Ler em voz alta não é uma prática comum nos nossos dias. Quase ninguém o faz, ainda menos na presença de outras pessoas. Marco a diferença porque não faço ideia se passa pela cabeça de alguém ler em voz alta certas passagens de textos para tentar imaginar a que soam e se assim se percebe melhor o que está escrito. Ou se lê em voz alta a uma criança ou a um velho que deixou de ver. Em público, a experiência, quando acontece, tem os profissionais da leitura de poesia ou os actores a tomar conta do assunto. Parece que é coisa séria, de difícil execução, um acontecimento que obedece a uma formalidade solene.

 

Há razões para associarmos a solenidade à leitura de textos em voz alta. Stephen Greenblatt, em A Grande Mudança, fala das regras observadas pelos monges beneditinos ao longo de séculos. A leitura das Escrituras era essencial à vida monástica como forma de combater a ociosidade. Greenblatt refere que até ao século VI, quando São Bento determinou que a leitura diária era obrigatória, “a leitura era, regra geral, feita em voz alta”. O monge que se recusasse a ler ou que se revelasse preguiçoso ou distraído era castigado com advertências à frente dos outros. Se persistisse na falha, era corrigido com o chicote. As leituras em voz alta aconteciam todos os dias às refeições. Era pedido a Deus que o leitor não caísse na soberba, um risco desagradável que correm os que ouvem assim a sua própria voz, e o silêncio era imposto a quem ouvia para evitar troças e conversas inúteis. Mais importante, perguntas e discussões estavam proibidas. Aquela não era uma comunidade intelectual.

 

Não é que a leitura em voz alta tenha desaparecido para dar lugar ao debate, mas não é disparatado pensar que, na maioria dos casos, não são compatíveis. Ninguém faz perguntas em sessões de leitura de poesia nem interrompe uma peça de teatro. Também ninguém fez perguntas há dias na primeira sessão do ciclo Poesia no Museu, imaginado e organizado por Helena Miranda e Sebastião Belfort Cerqueira para o Museu da Música, um lugar inesperadamente bonito e acolhedor na estação de Metro do Alto dos Moinhos, em Lisboa. A primeira sessão foi protagonizada por Jorge Uribe, sob o título Campos de Antemanhã, sobre a poesia de Fernando Pessoa.

 

Minto. Houve uma pergunta: qual era a data da Ode Triunfal lida ao longo de 13 minutos pelo Sebastião, rangendo os dentes, eh-lá intenso e sem dramas. Não é exagerado afirmar que foi uma leitura perfeita. A Susana Simões e eu fomos as outras duas leitoras de serviço. O seu Opiário trouxe à nossa presença um Álvaro de Campos tal como o imagino, cínico e gozão. Li três Campos e três Caeiros. Estava nervosa, mas o meu coração não batia mais depressa por causa da falta de experiência. Foi aquele ambiente solene, espiritual, que me comoveu. Como se a leitura em voz alta fosse uma maneira de partilhar a alegria de fazer parte de qualquer coisa maior do que cada um de nós, e que nos une, quem sabe se além da morte: a poesia, um amor em comum.  

 

A próxima sessão tem lugar no Museu da Música, dia 21 de Novembro, às 19h. João Figueiredo (Professor) e Luís de Camões (Poeta). Não se pode perder.

 

Publicado no i, Loja de Porcelana, edição de 3-4 de Novembro de 2012.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 14:57