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Masculino: Christopher Tietjens.
Feminino: Sylvia Tietjens. Carrie Mathison.
A série de televisão: Homeland.
Blogues do ano: Malomil e Declínio e Queda.
Melhor regresso: O Jansenista.
Best Facebook: Gosto de Capricho.
Best Twitter: @manuelparreira.
Rede social: o Instagram.
Um site: Hyperallergic.
Um electrodoméstico: o Kindle.
Uma exposição: Hollywood Costume, no Victoria and Albert Museum.
Um quadro: o gigante King Cophetua and the Beggar Maid, de Edward Burne-Jones.
Um livro: The Swerve: How the World Became Modern, de Stephen Greenblatt.
Um filme: Moonrise Kingdom.
Um tema: Simulation, de Róisín Murphy.
Verso inesperado numa canção pimba:"Before you came into my life, I missed so bad", Call Me Maybe, Carly Rae Jepsen.
Canção pimba mais machista do ano: Payphone, Maroon 5.
Personalidade menos comercial pelo terceiro ano consecutivo: Papa Bento XVI.
Personalidade do ano pelo segundo ano consecutivo: Barack Obama.
Um acontecimento: o restauro da D. Cecilia Giménez.
Uma bebida: Água das pedras, sempre.
O restaurante: o nosso sítio.
... parece que afinal ainda estamos aqui. O fim do mundo teria sido uma solução fácil e airosa para os nossos problemas. Acabava a dívida, o Euro de uma vez por todas, o Gaspar, o Seguro, a Merkel e os funcionários da troika. Acabavam as dúvidas, as angústias, os atrasos. Mas não, ainda estamos aqui. Se é assim, então só nos resta voltar a conjugar os verbos no futuro. Entretanto, vou ali passar o Natal e depois volto. Merry Christmas e até logo.
... Jacintha Saldanha deixou três notas escritas. Numa falava da partida telefónica de que foi alvo, noutra dava indicações sobre o seu funeral e numa terceira criticava o comportamento dos colegas no hospital. Fica assim confirmado que a história é tão triste e inútil quanto pensávamos.
A morte da enfermeira Jacintha Saldanha, que deu informações confidenciais sobre o estado de saúde da Duquesa de Cambridge a dois radialistas australianos que se fizeram passar pela Rainha Isabel II e pelo Príncipe Carlos, ainda não foi bem explicada. A imprensa britânica aponta para o suicídio como consequência da partida. É difícil perceber que alguém se suicide por vergonha, deixando que a honra pessoal se sobreponha à própria vida e à família. O motivo não nos parece plausível. A verdade, no entanto, é que nenhum civil, i.e., pessoa anónima e discreta, deve ser alvo da selvajaria mediática. A exploração do caso deixou a enfermeira numa situação frágil por ter cometido um erro no exercício de uma profissão que consiste em cuidar dos outros. Não respeito o suicídio, mas entendo o mal-estar que um engano destes pode significar na vida de uma pessoa. Ainda tenho esperança de estarmos a contar mal esta triste história.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 14-12-12
Marilyn Monroe
... a conversa sobre as variadíssimas declarações de Isabel Jonet chegou a um ponto mesmo bom, que é aquele ponto em que pessoas que deviam estar a ler, no fundo é só o que interessa, trazem todo o seu conhecimento para uma discussão que, na minha opinião, não merece tanto. A minha reacção à declaração da caridade vs. solidariedade foi a gargalhada. É quando uma pessoa perde a paciência que começa a viver. Parecia que estava a falar de um jogo de futebol. De um lado a caridade, ou o Benfica; do outro, a solidariedade, ou a Académica. Tive pena que os meus colegas da Quadratura do Círculo tenham levado a coisa tão a sério, ou que se tenham demorado tanto no tema. Porque é que Pacheco Pereira achou justo apontar toda a sua artilharia intelectual a uma mulher que não é política, por muito que o queira ser? Depois chegou outro colega, Vasco Pulido Valente, menino adorado, muito cá de casa, a responder sobretudo a JPP. Há aqui uma acusação perspicaz de paternalismo ao seu artigo sentimental, mas que torna evidente um problema sem solução. Apesar de todos os dentes lavados, embora com água a mais, percebo que chegámos a um ponto muito desagradável da discussão. O que resta, afinal?
The Bourne Legacy (estava tudo bem até chegarem a Manila).
Estava-se mesmo a ver no que isto ia dar. É certo que a conclusão aparece a posteriori, e que assim é fácil dizer que não se esperava outra coisa. Mas a suspeita de que iríamos chegar a este ponto da conversa foi anunciada tanto pelo PSD que governa como pelo outro PSD que lhe faz oposição. As mentiras de Sócrates tinham de desaparecer para dar lugar à verdade. Nada contra. A expressão gramaticalmente desajeitada “falar verdade” era uma exortação ao governo socialista para que dissesse com clareza que não estava nada tudo bem e que, em breve, Portugal ficaria sem capacidade financeira para pagar salários, pensões, etc. Foi então que emergiu Teixeira dos Santos a desabafar. Tanto era verdade que não havia dinheiro que PS e PSD assinariam o memorando de entendimento que permitiria ao país sobreviver financeiramente durante uns anos sob certas e apertadas condições. Até aqui tudo bem.
Mas a partir daí, a política de “falar verdade” tem dado azo às declarações mais insuportáveis de que há memória. Na minha, pelo menos. À excepção de um breve parêntesis de excitação de Passos Coelho, no Pontal, quando discursou que estávamos quase, quase fora da crise, haha!, a “verdade” tem estado na boca dos que governam e dos que entretanto apareceram por aí a repetir ideias parecidas e até completamente contrárias. Esta “verdade” tem as costas largas. Esta “verdade” é óbvia, mas está apenas ao alcance dos que a propagam. Parece contraditório, mas deve ser só uma impressão. Quando António Borges insiste em dizer que “vivemos acima das nossas possibilidades” está só a mostrar o que é evidente para todos. O problema está nos que não fazem ideia do que terão feito para estarem incluídos nesta segunda pessoa do plural. É uma “verdade” esquisita esta que responsabiliza um país inteiro pelos erros cometidos por uma minoria que há anos decide em benefício das suas minorias partidárias. É uma “verdade” ofensiva, que ainda por cima não é rigorosa.
Quando Isabel Jonet vem dizer a uma entrevista ao i que se “perdeu o brio na sociedade portuguesa”, não estará a falar das muitas centenas de voluntários entusiastas do Banco Alimentar. Quando afirma noutros meios que os mais novos não são solidários e gastam demasiada água a lavar os dentes, estará a descrever pessoas que conhece, só isso. Até a generalização mais familiar tem os limites da vizinhança. Mas a verdade, assim de repente, é que depende. Nem sempre a verdade é tão feia e desagradável. Ainda há miúdos que lavam os dentes com o copo, haja esperança neste País! Acima de tudo, há que perceber que a verdade não depende de muitas e muitas opiniões coincidentes.
Mas há mais “verdades” que se espalham por aí como mentiras. A “verdade” da hecatombe da natalidade é uma delas. Como é possível sabermos que em 2030 não haverá crianças a brincar neste jardim à beira-mar plantado? Na minha bola de cristal, a vida é mais colorida. Até porque os bebés vêm com a cegonha da recuperação económica. Não é por alguém descrever um presente sombrio e sem saída e anunciar um futuro de desgraça que está a dizer a verdade. Está a dar a sua opinião, não duvido que sincera, mas que não passa disso mesmo.
Publicado na edição de fim-de-semana do i, 15-16 de Dezembro de 2012, Loja de Porcelana.
Desfado, de Ana Moura, é um daqueles discos que se ouve com prazer do início ao fim. Quase todos os temas são bem escritos e todos, mesmo os de que não gosto, são cantados e interpretados com honestidade e um imenso talento. Ana Moura arrisca em temas como 'Thank You', de David Poe (um dos meus preferidos), ou na versão de 'A Case Of You', um clássico de Joni Mitchell. Mas há mais riscos, sobretudo nos arranjos originais na maioria dos temas. 'Como nunca mais', de Tozé Brito, é o momento de descanso, com uma canção clássica, que funciona bem. Menciono apenas os autores das letras, Desfado, de Pedro da Silva Martins, 'Até ao Verão', de Márcia Santos, 'O Espelho de Alice', de Nuno Miguel Guedes e 'Se acaso um anjo viesse', de Aldina Duarte, para dizer que são canções perfeitas numa obra memorável. Temos ainda os agradecimentos de Ana Moura, que mostram o que é uma estrela a sério. É alguém que sabe que nada de excepcional se faz sozinho.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 7-12-12
Something wonderful happens in Summer
When the sky is a heavenly blue
You fall in love - you fall in love
With someone who loves you too
Something wonderful happens in Summer
When the moon makes you feel all aglow
You fall in love - you fall in love
You want the whole world to know
You carve initials on a tree
You kiss and exchange a ring
June and July go by
Your heart sings: ting-a-ling-a-ling-a-liiiiing
Something wonderful happens in Summer
And it happens to only a few
But when it does - but when it does
You'll feel wonderful it happened to you
O tema de Joe Bushkin e Jonh DeVries tem aquele verso a bold.