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Estado em que se encontra este blogue

por Carla Hilário Quevedo, em 09.12.15

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Mark Rothko, No. 61 (Rust and Blue), 1953

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publicado às 18:21

Inimigos à parte

por Carla Hilário Quevedo, em 09.12.15

Um incidente internacional grave aconteceu quando os turcos derrubaram um avião russo por ter invadido o seu espaço aéreo. Ficou registado que o avião esteve a três quilómetros da fronteira com a Síria em território turco durante 12 segundos. Não há dúvidas de que derrubar um avião estrangeiro foi uma medida no mínimo exagerada. Segundo um ex-agente da CIA, num artigo publicado no The American Conservative, o governo turco não concorda com uma frente antiterrorista comum. A Turquia não está empenhada na luta contra o ISIS nem quer que o actual governo sírio permaneça no poder. Quer, isso sim, liquidar os curdos. Lembremos que os curdos são a primeira e mais valente resistência aos fundamentalistas islâmicos. Provocar a Rússia foi um estratagema saído da cabeça de Erdogan. No meio de tanto calculismo maldoso, a Turquia, com este acto cruel e desmedido, conseguiu transformar Vladimir Putin num herói. E, diga-se de passagem, muito merecidamente.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 4-12-15

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publicado às 18:07

Enganada

por Carla Hilário Quevedo, em 09.12.15

A série The Affair foi muito razoável na primeira temporada, embora tenha lentamente piorado até ao episódio final. Os actores tinham um passado admirável. Dominic West ganhou indulgências eternas em The Wire. Ruth Wilson foi a sociopata mais inteligente e sedutora em Luther. Maura Tierney foi a santa substituta de Julianna Margulies em ER. A série tinha uma proposta irrecusável: o adultério visto da perspectiva de cado um dos envolvidos. Era uma história contada por quatro personagens, diferente e que nunca se complementava. Infelizmente, The Affair não sobreviveu na sua segunda temporada. Ou melhor, não está a sobreviver apesar de ainda não ter acabado e de eu continuar a ver. Tudo o que era original tornou-se maçadoramente banal: os problemas, a angústia, as ambições e até o talento dos actores. Os diálogos são previsíveis e quase nunca ouvimos uma frase que cumpra uma promessa que nos pareceu ter sido dada. The Affair fugiu com outro.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 4-12-15

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publicado às 18:04

Dos Modernos

por Carla Hilário Quevedo, em 08.12.15

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Vincent Van Gogh, Campo de trigo com corvos, 1890

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publicado às 16:20

Legislar a felicidade

por Carla Hilário Quevedo, em 07.12.15

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App PictureShow com filtro Retro sobre A Aula de Anatomia do Dr. Tulp, de Rembrandt, 1632

 

Uma das primeiras medidas do governo socialista, apoiado por PC e Bloco, foi acabar com os exames do ensino básico. Parece que se ouviu um suspiro colectivo de alívio de pais e crianças. Não sabemos, aliás, como sobreviveu a geração dos nossos pais ou dos nossos irmãos mais velhos, vítimas de um sistema opressivo, que teve de passar por uma prova escolar tão cedo na vida. Mas agora felizmente aquele eco de um passado tão sombrio desapareceu e por isso as nossas crianças vão voltar a sorrir, certas de que o futuro lhes reserva tudo aquilo que merecem, que é, naturalmente, o melhor.

 

Não satisfeita com o fim de uma prova que considerava traumatizante, Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, resolveu pôr por escrito as suas ideias sobre as educação dos mais pequenos. O título da redacção é: “6 razões para acabar de vez com os exames do básico”. Começo por dizer que não fiz o exame do ensino básico. Não existia no meu tempo, mas no colégio cantava o hino português e o God Save The Queen duas vezes por dia. Imagino que seja um choque para qualquer adepto do método Montessori, que respeito, atenção, mas para mim o pior era a farda horrível que tinha de usar todos os dias. Aquela farda cor de vinho até hoje aparece nos meus piores pesadelos!

 

“Chumbar é ser facilitista” é outra das razões que Catarina Martins apresenta para justificar a bondade do fim dos exames no ensino básico. Pensava que era ao contrário. Mas é certo que chumbar na quarta classe é chato e foi pena Catarina Martins não sustentar o seu argumento só neste ponto. Poupava-se o drama, mas por outro lado também ficávamos sem saber em que mundo o Bloco de Esquerda acha que é o correcto para vivermos.

 

É na última razão que encontramos resumida a ideia bloquista sobre a vida: “Perguntaram-me se eu quereria ser operada por um cirurgião que em vez de testado na escola tenha sido feliz na escola. Não tenho nenhuma dúvida; quero que tenha sido feliz, porque se aprende melhor quando se é feliz a aprender. E quero que não se esqueça do que aprendeu no ensino básico, por muito bom que tenha sido, e espero que o seja, na sua especialização. Espero que no ensino básico não se tenha limitado a treinar para fazer exames; que tenha aprendido as bases de que se faz o conhecimento todo e saiba usá-lo nas situações mais inesperadas e que nenhum exame pode prever.” Catarina Martins acha impensável um mundo em que uma criança não seja infeliz a fazer um exame. Também tem expectativas curiosas em relação a pessoas com bisturis: não está tão interessada na sua eficácia como no seu sorriso. Se forem felizes, diz, certamente serão bons profissionais. Para o Bloco de Esquerda a vida é simples, linear e limpa. A incompetência tem uma explicação psicológica e se não fossem os traumas escolares o país seria extraordinário.

 

Tem graça que os alunos mais felizes na faculdade são os que praticam as praxes. Aquilo é uma alegria, só a dar ordens e a mandar comer relva no Campo Grande. Vê-se que sorriem com gosto. Serão futuros cirurgiões? Não passaram pelos exames do básico. Tenho expectativas menos nobres. Só quero que não deixem o bisturi dentro da barriga quando me operarem ao apêndice.  

 

Publicado na edição de hoje do i

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publicado às 19:39

Blockbomba

por Carla Hilário Quevedo, em 06.12.15

Mad Max: Fury Road (relaxante filme feminista com Charlize Theron, poeira e freaks). The Judge (simpático, mas é família a mais).  

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publicado às 14:21

I just dropped in to see what condition my condition was in

por Carla Hilário Quevedo, em 05.12.15

Yeah, yeah, oh-yeah, what condition my condition was in

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publicado às 19:23

Estado em que se encontra este blogue

por Carla Hilário Quevedo, em 02.12.15

Van Gogh, 1890

Vincent Van Gogh, Campo de trigo sob um céu nublado, 1890

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publicado às 19:03

Estar em guerra

por Carla Hilário Quevedo, em 01.12.15

Muitas pessoas têm vindo a público insistir na tese de que o Estado Islâmico não tem nada a ver com o Islão. Compreendo a necessidade de separar os assassinos radicalizados de grupos de pessoas que vivem em paz, mas é uma evidência que todos os membros do EI são muçulmanos. A comunidade muçulmana moderada tem por isso o dever de se manifestar com veemência contra os atentados e denunciar os terroristas. Sim, em vez da oração sugiro a denúncia, que é um conceito mal visto nos nossos dias, mas que numa situação de guerra como a que a Europa está neste momento a viver é um dever patriótico, cívico, humanitário. Outro conceito esquecido é o de traição à pátria. Um extremista islâmico que tenha a cidadania francesa, como vários suspeitos dos atentados em Paris, tem de ser considerado um traidor à pátria e punido por isso. O conceito caiu em desuso com a Guerra Fria e a obsessão com politicamente correcto mas há que recuperá-lo antes que seja tarde.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 27-11-15

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publicado às 19:15

Reagir e recuperar

por Carla Hilário Quevedo, em 01.12.15

Uma semana depois dos atentados em Paris que vitimaram 129 pessoas, o Museu do Louvre está às moscas. No Hyperallergic foram publicadas fotografias da situação impensável de termos a Mona Lisa com quatro turistas à frente. Desapareceram os japoneses a tirar fotografias. O Louvre está deserto. Felizmente leio no mesmo site uma notícia animadora. O governo francês aprovou um fundo de seis milhões de euros para recuperar teatros, cafés, museus e edifícios que tenham sido danificados na sequência de ataques terroristas. Está também prevista a aprovação de uma lei que torne França numa espécie de anfitriã de artefactos em perigo de destruição na Síria e no Iraque. A lei será aplicada no caso do património mundial em risco de desaparecer às mãos da barbárie do Estado Islâmico. Enquanto os terroristas se dedicam à destruição, o Ocidente preocupa-se com a preservação do passado histórico comum. Entre tantas diferenças, esta é mais uma a sublinhar.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 27-11-15

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publicado às 19:08

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