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- Convidaram-me há uns meses para escrever um texto e aceitei. Conhecia a história e pareceu-me, como se costuma dizer, um bom desafio. Ontem, no entanto, apercebi-me de que a história é sórdida, algo que ignorava, e agora não sei bem o que fazer. É provável que escreva à mesma, porque não quero voltar atrás no prometido. Na verdade, o que é importante no meio disto tudo é perceber com clareza que há certas realidades que não me interessam.
- Renovei a minha subscrição da extraordinária Digital Loeb Classical Library. Now we're talking!
- As queixas sobre os tempos modernos são recorrentes desde que isto começou. Nada é novo, nem isso. Apesar de tudo, por vezes tenho uma sensação muito forte de que vivemos tempos extraordinários, de liberdade, criatividade, descoberta e conquista. Talvez seja por causa deste vídeo magnífico do casal Beyoncé- Jay Z. Ou, então, é de mim.
- Este tempo está a impedir muita gente de estar nesta altura do mês de Junho num regime avançado de praia. Por outro lado, tudo indica que teremos Verão até Novembro, which is both dangerous and nice.
- Por falar em Verão, todos os anos penso em comprar um fato de banho, porque "pode dar jeito". Nunca dei por mim numa situação em que "desse jeito" usar fato de banho em vez do habitual biquíni, e nem sei bem o que quer dizer tal coisa. É provável que seja uma desculpa, porque acho bonito, e este ano acho que não vou querer resistir a este.
- Uma das melhores secções do Guardian é da autoria de Sally Hughes, que escreve exclusivamente sobre maquilhagem. Não há nada semelhante em nenhum jornal português, talvez porque a questão do Lifestyle, ou lá o que é, esteja compartimentado em revistas femininas. É pena.
- Nisto, estamos quase no Mundial e o meu querido amigo Nuno Miguel Guedes enviou-me o vídeo mais engraçado do mundo. Grata!
- Vi o filme Three Bilboards Outside Ebbing, Missouri, entusiasticamente elogiado quando esteve nas salas de cinema. Não o fui ver na altura, porque, como sabem, não ponho os pés numa sala de cinema há anos (minto: no outro dia fui ver o extraordinário Isle of Dogs numa sessão à hora do almoço e, embora fôssemos cinco na sala, entre os quais duas crianças que não se calaram com perguntas à avó, jurei para nunca mais). Muitos falaram da interpretação magistral da sempre excelente Frances McDormand. Não teria mais nada a acrescentar a não ser mais elogios. Mas depois é a história sobre um crime sem solução e a maneira como está contada. A partir do suicídio de Willoughby, tudo descarrila, o que está certo. Pouco antes, há uma cena extraordinária, quando Willoughby interroga Mildred na esquadra. Há ameaças de parte a parte, numa discussão muito tensa. Mildred culpa a polícia por nada fazer e Willoughby está furioso com os cartazes. E, de repente, Willoughby tosse sangue na cara de Mildred, pede desculpa, diz que não foi de propósito, e insiste: "I didn't mean to. It was an accident", e Mildred diz com piedade: "I know, baby". E, de repente, tudo se mistura e revela ao mesmo tempo, como se a discussão fosse afinal uma representação neurótica daquela verdade que nenhum podia dizer ao outro. Mildred não podia admitir a impossibilidade de encontrar o assassino da filha e Willoughby não podia pedir desculpa por não conseguir encontrá-lo. Mas em todos os momentos, Mildred tratou-o como uma pessoa: quando pôs os cartazes sabendo que estava doente e nesta cena, em que lhe põe a mão na cara num gesto de compaixão. É tão bom ver a total ausência de paternalismo em acção.
- E depois há esta personagem gloriosa, numa cena que mostra na perfeição o que é a ira. Sam Rockwell é um grande actor e mereceu o Óscar de Melhor Actor Secundário.