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por Carla Hilário Quevedo, em 05.06.07
Um amor demasiado caro

Todos os anos vou à Feira do Livro na esperança de comprar a metade do preço um manual técnico um bocado caro nos restantes dias do ano. No ano passado, visitei a Feira do Livro todos os dias e todos os dias rondava a barraquinha, sorrindo para o livro sempre em exposição. Em nenhum momento o dito livro passou para aquele sítio ao meio tão desejado, o daquele num expositor com um desconto fenomenal - mínimo de quarenta por cento - que transformam a aquisição numa espécie de vitória do comprador sobre a tirania do livreiro, do próprio editor e mesmo do desgraçado do autor que é quem menos ganha no meio disto tudo. Mas será verdadeiro um amor que tem de ver o seu preço muito reduzido para ser conquistado? Garanto que mais genuíno, puro, sincero e amor não pode ser. Todos os anos faço tentativas de aproximação, pego no livro com delicadeza sempre que o vejo e acaricio a capa azulinha e brilhante. Quanto vezes não dissemos já na vida: «Eu quero, mas não posso»? Pois a questão não é bem essa: eu quero e até podia, mas agora decidi ser um ponto de honra não gastar mais do que um determinado valor na extraordinária obra em questão. Mantenho a esperança. Talvez este ano seja finalmente livro do dia e viveremos felizes para sempre.

Publicado na Tabu (Cinco Sentidos), 2-06-07.

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publicado às 07:46