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Diário da pandemia (10)

por Carla Hilário Quevedo, em 30.03.20

- Ontem acordei tarde porque dormi 11 horas seguidas e hoje para lá caminharia se não fosse o sempre agradável som de um martelo pneumático na minha cabeça de uma obra que não parou (e ainda bem). Há quem tenha insónias e há quem hiberne. Ambas são formas de lidar com isto (não sei bem caracterizar).

. Lembrei-me da Peste de Atenas, em 430 a.C., e fui ler o relato de Tucídides. A descrição na História da Guerra do Peloponeso é impressionante. Fiz algumas pesquisas para perceber o que terá sido (parecia ébola, por causa das hemorragias) e, ao que tudo indica, foi o primeiro surto de febre tifóide, vinda do Egipto e espalhada a partir do Pireu. Terá poupado o Peloponeso e dizimado Atenas. O dilema colocava-se entre tratar os doentes e ficar infectado ou não se aproximar e deixar morrer quem padecia da doença. Os recuperados eram os que conseguiam tratar os enfermos. Tucídides diz que as causas para este comportamento foram éticas e morais. Os recuperados tinham a experiência do sofrimento e por isso queriam ajudar os que sofriam. A explicação, porém, seria mais pragmática.

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publicado às 10:21