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Diário da pandemia (5)

por Carla Hilário Quevedo, em 25.03.20

- Há quem acredite, na sua ingenuidade e eterno espírito de tanso, que o momento não é para o combate político. Nem Marcelo, nem Costa nem ninguém neste momento que perceba o que está em causa pensa assim. A união é importante, claro, e o debate, a discordância, o conflito de ideias, a crítica são igualmente importantes. Só num país em que "discordar" é sinónimo de "boicotar" podemos ver tantos cuidados com a liberdade de expressão num momento em que combater - ou seja, falar, discutir, pensar - é mais do que nunca necessário.

- Através dos resultados de uma sondagem publicada ontem, percebemos que a queda na popularidade de Marcelo Rebelo de Sousa não coincide com uma subida na popularidade de André Ventura. Pelo contrário, André Ventura cai também. Ora, isto é extremamente interessante (para quem se interessa por estes assuntos), porque revela que 1) as pessoas não são estúpidas, e não vão a correr para os braços de um oportunista porque o Presidente se portou mal nesta crise; 2) há quem insista muito na tese de que criticar Marcelo é dar pontos a Ventura. Qual é objectivo? (Não sei bem se isto é uma pergunta.)

- Entretanto, a carta de Nuno Carvalho, da Padaria Portuguesa, ao Ministro Siza Vieira, parece ter surtido efeitos, ao contrário do que aconteceu às centenas de idiotas que ontem mostraram no Twitter que estão mais preocupados com o que alguns conquistaram do que com aquilo que todos têm a perder.

- Noto uma redução na partilha de vídeos divertidos e imagens engraçadas no WhatsApp. Faz-me pensar que não só eu que às vezes não me apetece ver séries de comédia nem nada que me faça rir. Depois a vontade volta. 

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publicado às 09:28