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Diário da pandemia (7)

por Carla Hilário Quevedo, em 27.03.20

- Em momentos especialmente difíceis como este, mentir parece ser inevitável. E tudo começa com a mentira do "vai ficar tudo bem" da qual a mentira de António Costa "até agora não faltou nada [nos hospitais públicos] e não é previsível que venha a faltar" é prima. Não seria tão dura a qualificar as palavras de Costa como sendo uma mentira clássica. É mais uma mentira da família do wishful thinking, tão perigosa como outras. Não estou a dizer que não podemos ter esperança. Digo apenas que a esperança se deve basear na verdade. E a verdade, neste momento, está nas mãos de poucas pessoas. Só isso assusta e serve para alimentar a desconfiança. Por isso é tão importante não ceder à tentação de confortar o povo com a frivolidade do optimismo. (Agora se vê como o optimismo serve para aqueles tempos em que nada de muito especial se passa, Brexit incluído.)

- Entretanto, a carta de Nuno Carvalho a Siza Vieira surtiu efeito. Apesar dos ataques e dos insultos de que foi alvo, ainda bem que falou. Houve, claro, muitos que disseram que devia ter ficado calado. Em Portugal, não há pandemia que suspenda a tradição de mandar calar.

- De todos os vídeos maravilhosos que andam a circular no WhatsApp, este de Vincenzo de Luca, governador da Campanha, é o meu preferido. Ai querem organizar uma festa de fim de curso? Nada como uma cargazinha policial com lança-chamas para fazer dispersar os inconscientes. 

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publicado às 10:06