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- Ainda sobre o caso do bebé abandonado no lixo (que a certa altura passou a "ecoponto", haja rigor), não estamos preparados para lidar nem com mães más nem com filhos que sobrevivem sem mães. A sociedade condena as primeiras com um fortíssimo julgamento moral. Como se uma mulher incapaz de sentir amor pelos seus filhos fosse uma excepção. Já os filhos que sobrevivem (vários até bem) às mães que os maltratam ou abandonam têm de suportar a pena dos outros; como se fossem pessoas incompletas, sofridas, sem capacidade para ultrapassar o desamor materno. É uma mistura de misoginia e ódio à capacidade de superação do indivíduo perante as suas mais solitárias circunstâncias.
- Ontem propus que "pecado ecológico" fosse um oxímoro como "asfixia democrática", mas depois de uma conversa com uma pessoa que "se dá ao trabalho de encadernar jornais nas capas especiais vendidas pelos próprios títulos", concordei com o argumento de que a "asfixia" neste contexto é metafórica e que por isso haveria um desequilíbrio na comparação. O "pecado" é usado no seu sentido verdadeiro e por isso nunca poderia haver pecados ecológicos nem pecados económicos nem pecados saudáveis. Ou será o pecado ecológico amigo do ambiente? Quando muito, podemos ter o pecado da indiferença face aos problema causados pelas alterações climáticas. É claro que este interessante problema se coloca porque foi o Papa Francisco que falou de "pecado ecológico". Senão, seria apenas mais uma metáfora como "pecado filosófico" ou "pecado literário".
- Só ontem vi Green Book, o filme que muito justamente ganhou o Óscar de Melhor Filme no ano passado. Uma maravilha!